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Obras emergenciais chegam ao fim e nova fase se inicia com a
reconstrução da fachada e a instalação do telhado definitivo
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Equipe de resgate apresenta peças das coleções da Itália, Egito,
Japão, Peru e Nova Zelândia
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19% das coleções, que estavam nos prédios do Horto Botânico, ou
seja, 7 coleções não tiveram itens
atingidos, 35 % das coleções, ou seja, 13 seguem com itens sendo
resgatados e 46 % das coleções, ou seja, 17 foram perdidas ou
restaram muito pouco delas.
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Pessoas físicas e jurídicas doaram mais de R$ 300 mil
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Além do MEC, verbas para o Museu chegaram do governo alemão e do
British Council
A reitora da UFRJ,
Profª Denise
Pires de Carvalho e o diretor do Museu Nacional, Prof. Alexander
Kellner divulgaram
em 28 de agosto, balanço sobre as doações recebidas
no último ano; os resultados do trabalho de resgate e a lista de
apoios científicos e institucionais recebidos pela instituição.
Ainda durante o evento, foram apresentadas as próximas obras no
palácio e o conceito para o projeto do novo Museu Nacional.
Verbas
Governo Federal
Ao todo, o Ministério da Educação destinou R$ 16 milhões ao
Museu Nacional. Desse valor, R$ 8,9 milhões foram utilizados nas
obras emergenciais (escoramento das paredes, cobertura
provisória e instalação dos
contêineres para receber as peças resgatadas).
Outros
R$ 908,8 mil serão utilizados para a elaboração do projeto de
reconstrução da fachada e do telhado definitivo. Além disso, R$
5 milhões serão geridos pela Unesco, para a elaboração de dois
projetos, um para a reconstrução interna do Palácio e outro para
as novas exposições. A diferença, R$ 1,1 milhão, será utilizada
para a aquisição de mais contêineres.
Outros R$ 10 milhões virão do Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Os
recursos serão usados para a
aquisição
de equipamentos para a pesquisa científica e em ações de
infraestrutura.
O projeto de cooperação técnica entre a UNESCO no Brasil e MEC,
no valor de R$ 5 milhões, realiza aporte fundamental à UFRJ e ao
Museu Nacional para reconstrução do Museu Nacional. Nele estão
previstos planos de ações de planejamento, comunicação e
articulação com a sociedade, e está proporcionando bases
conceituais, estudos e projetos técnicos necessários às obras e
à concepção do novo Museu Nacional. Os trabalhos são
desenvolvidos por um grupo de consultores da UNESCO integrado ao
corpo técnico do Museu, em cooperação com escritórios técnicos
da Universidade e com o acompanhamento do IPHAN.
Recentemente, a UNESCO lançou edital para contratação de empresa
especializada para elaborar o novo projeto de reconstrução. A
empresa vencedora da licitação deverá iniciar os trabalhos já em
setembro e o período de execução será de 70 dias. Outras etapas
estão programadas, como a contratação dos projetos de
Museologia e
Museografia, e a elaboração de projetos básicos para
restauração e reforma de elementos integrantes do Palácio, como
os Jardins das Princesas, o Terraço e o Anexo Alípio Miranda.
Doações
Associação de Amigos do Museu Nacional
Através da Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN), entre 06
de setembro de 2018 e 06 de junho de 2019, pessoas físicas e
jurídicas doaram mais de R$ 323 mil. Somente no evento de
comemoração pelos 201 anos, nos dias 8 e 9 de junho, a
instituição recebeu 554 doações, totalizando mais de R$ 23 mil.
Alemanha
Ainda em 2018, a Alemanha doou 180,8 mil euros para a aquisição
de equipamentos como câmeras fotográficas, computadores e lupas.
No dia 8 de junho de 2019, no evento de abertura das
comemorações dos 201 anos do Museu Nacional, o cônsul-geral da
Alemanha no Rio de Janeiro, Klaus Zillikens,
anunciou a doação de mais 145 mil euros para a recuperação de
toda a parte elétrica do Museu Nacional. No entanto, até o mês
de agosto de 2019, o Museu Nacional recebeu apenas 50 mil euros.
A Alemanha prometeu, como anunciado pelo próprio cônsul, até 1
milhão de euros, a serem repassados de acordo com as
necessidades da instituição.
British
Council
A Agência Britânica Internacional
British
Council doou R$150 mil para a
realização
de intercâmbios educacionais e relações culturais dos
professores e alunos do Museu Nacional.
Resgate
A Profª. Luciana Carvalho,
paleontóloga do Museu Nacional e vice-coordenadora do Núcleo de
Resgate, divulgou o percentual de itens que já foram recuperados
neste primeiro ano de trabalho.
Segundo a
pesquisadora, 19% das coleções, que estavam nos prédios do Horto
Botânico, ou seja, 7 coleções não tiveram itens atingidos, 35 %
das coleções, ou seja, 13 seguem com itens sendo resgatados e 46
% das coleções, ou seja, 17 foram perdidas ou restaram muito
pouco delas. Para mostrar o resultado deste trabalho,
atualmente composta por 46 pesquisadores, a equipe do Núcleo de
Resgate apresentou alguns dos itens resgatados e já
identificados, entres eles, coleções: peruanas, de Tereza
Cristina, egípcia, do Japão e da Nova Zelândia, representando um
país de cada continente.
Japão
Capacete e máscara da Armadura Samaruai
- Vestimenta de guerreiro japonês
Entrou para o acervo do setor de Etnologia provavelmente no
século XIX. Fazia parte da Coleção Japonesa, constituída por
espadas, punhais e indumentárias identificadas como pertencentes
a elite Japonesa. A armadura é integrada por sete partes, como o
capacete, a máscara com obreira, a vestimenta do tronco e dois
protetores para os braços. Durante o resgate do acervo foi
recuperada a maior parte da armadura, principalmente os seus
componentes em metal.
Figura 1. Capacete e máscara após o incêndio. Foto: Paula
de Aguiar.
Parte da máscara depois do incêndio
Nova Zelândia
Lâmina de Machado – Arma de guerra de jade da Nova Zelândia
A lâmina foi recuperada da sala de exposição Culturas do
Pacífico. A peça era formada por um machado com cabo de madeira
revestido com fios de algodão tingido.
O encaixe era feito através de fios na cor natural. O
cabo foi perdido durante o incêndio, mas a lâmina está em bom
estado de conservação e sofreu poucas alterações. A peça foi
recuperada da Vitrine Nova Zelândia junto com uma colher de osso
e outro artefato de basalto que, no momento, estão em
tratamento.
Lâmina de machado após o incêndio
Egito
A coleção egípcia do Museu Nacional continua sendo a maior
coleção do Brasil em números. Antes do incêndio, a coleção
egípcia do Museu Nacional era conhecida como uma das maiores
coleções da América Latina, tanto em números quanto em termos de
relevância de peças. Essa posição poderá ser retomada muito em
breve com mais achados. Logo após o incêndio, os pesquisadores
acreditavam que toda a coleção estivesse perdida, mas, graças a
um trabalho meticuloso, foi possível recuperar mais de 300
peças.
Dentre estas peças resgatadas, vale destacar a estatueta em
bronze do Menkheperrê, a única no
mundo a representar o sacerdote Menkheperrê
como um faraó.
A coleção egípcia do Museu Nacional começou a ser formada, em
1826, por Pedro I. O imperador comprou uma série de peças do
mercador italiano Nicolau Fiengo e
doou ao acervo do Museu Real, fundado por D. João, em 1816.
Pouco mais de meio século depois, em uma viagem ao Egito, Pedro
II, ganhou de presente do Quediva
Ismail, o soberano do país africano,
um lindo caixão, com 2700 anos, onde estava a múmia da
sacerdotisa cantora
Sha-Amun-en-su.
Estatueta em bronze de Menheperrê
A estatueta em bronze do primeiro-profeta de
Amun
Menkheperrê,
uma das peças centrais da coleção, foi recuperada praticamente
sem danos. Essa é a única peça conhecida no mundo até hoje que
traz Menkheperrê como um faraó. A
peça que, originalmente estava sem os dois braços e uma das
pernas, perdeu parte da perna remanescente no incêndio. Não
foram registrados outros danos.
Menkheperrê antes e depois do
incêndio
Estatueta em bronze da deusa Bastet
A estatueta da deusa Bastet é
representada com corpo humano e cabeça de gata. No Egito Antigo,
Bastet era a personificação do
aspecto benéfico do poder solar e era associada à deusa
Sekhmet, conhecida por proteger a
saúde das pessoas, dos lares e da fertilidade.
A estatueta em bronze de Bastet
antes e depois do incêndio
Peru
O acervo pré-colombiano do Museu Nacional era formado por 2000
itens, entre peças de metal, cerâmicas, líticos, ossos, tecidos,
acessórios decorativos e plumários,
que compunham diversas coleções arqueológicas.
As peças apresentadas foram retiradas da reserva técnica da
Arqueologia e representam particularmente culturas existentes no
atual Peru, sendo elas das coleções D. Pedro II, Lopes
Netto e Wiener,
integradas, exclusivamente, por acervo pré-colombiano.
Reserva pré-colombiana
Coleção Lopes Netto – Vaso zoomorfo de cerâmica pintada em
formato de peixe
Filipe de Lopes Netto foi conselheiro durante o reinado de D.
Pedro II. Esteve em missões diplomáticas por vários países da
América do Sul, onde se acredita ter adquirido o acervo que
compõe a coleção que leva seu nome.
Trata-se de um vaso zoomorfo de cerâmica pintada em formato de
peixe. A função seria a de acondicionar líquidos, podendo ser
cerimonial ou utilitária. A peça chegou ao Museu Nacional
provavelmente em 1868, procedente do Peru.
Através dos registros, é possível verificar que, originalmente,
a peça já tinha alguns pontos de quebra e desgaste da pintura, o
que leva a conclusão que os danos sofridos por ela com o
incêndio foram insignificantes.
Coleção D. Pedro II – Tigela de cerâmica pintada
A coleção é composta de itens pré-colombianos do acervo pessoal
do Imperador D. Pedro II. Provavelmente de origem dos povos de
língua Quichua, do Peru, não é
possível designar a cultura ao qual pertencia esta peça.
Os itens desta coleção foram marcados com uma etiqueta com a
letra “I”, identificando que eram de propriedade do Imperador.
Em seu livro, “Perou
Et Bolivie”,
Wiener apresenta algumas destas
peças.
Desta coleção, foram apresentadas uma tigela cerâmica pintada,
com decoração de coloração vermelha, utilizada provavelmente
para fins utilitários. É possível verificar marcas de queima,
provenientes do incêndio, esmaecimento da cor original e
ranhuras por toda a peça.
Coleção Wiener – Vaso antropomórfico
de cerâmica mochica pintada
A coleção leva o nome do grande cientista e explorador que
percorreu parte da América do Sul, em especial o Peru,
pesquisando sobre os povos locais. Autor do livro “Perou
Et Bolivie”,
ele faz um relato de sua viagem, descrevendo em minúcias esses
povos, seu modo de vida e cultura.
A cultura Mochica, originária da região norte do Peru, tinha
entre as suas especialidades a elaboração de sofisticada
cerâmica. A peça a ser exposta é exemplo desta técnica refinada.
É possível observar que se trata da representação de um homem,
provavelmente um prisioneiro, pois tem os pés e mãos atados e
uma corda que circunda seu pescoço. Toda pintada, apresenta
esmaecimento da cor original, pequena quebra na base e
rachadura. Como tal avaria não pode ser verificada anteriormente
ao incêndio, não é possível precisar se decorre do incêndio ou
se é anterior a ele.
Itália (Teresa Cristina)
A Coleção greco-romana da Imperatriz Teresa Cristina Maria teve
início com a chegada ao Brasil, em 1843. Princesa do Reino das
Duas Sicílias e filha do Rei
Francisco I, de Nápoles, da dinastia dos Bourbon, e de Maria
Isabella, infanta da Espanha, trouxe em sua bagagem um lote de
peças provenientes de Pompéia. A coleção foi acrescida por peças
procedentes de uma escavação arqueológica em Veio, promovida
pela própria Imperatriz. O acervo compreendia mais de 700 peças
com objetos de diferentes matérias-primas como cerâmica, bronze
e vidro, originários da Magna Grécia, de Pompéia e Herculano e
de Veio, datados entre o século IV a.C. e o início da era
cristã.
O incêndio atingiu parte significativa da coleção Imperatriz
Teresa Cristina que estava exposta ao público em vitrines na ala
destinadas às coleções mediterrâneas. Na reserva técnica de
Arqueologia, que abrigava o restante do acervo, os danos foram
menores uma vez que as peças foram protegidas por armários de
aço.
Armário de aço
Peças resgatadas
Lamparina romana de terracota, com corpo amendoado e base
circular. A decoração é em relevo no bico, no orifício de
alimentação central cercado por anel e linhas transversais no
corpo.
Lamparina
Cântaro italiota de figuras vermelhas (apresenta em ambas as
faces uma cabeça feminina de perfil). Detalhes da coifa e das
folhagens laterais pintados em amarelo e branco. Complementando
a decoração, motivos de ondas, ovas e palmetas)
Cântaro
Mais informações
Trevo Soluções em Comunicação – Assessoria de comunicação do
Museu Nacional
Tel.: 21.2544-6203
Márcio Martins (marcio.martins@trevocomunicativa.com.br)
Thâmily
Alves (thamily.alves@trevocomunicativa.com.br)
Nossas exposições estão fechadas ao
público por tempo indeterminado em
virtude do incêndio que destruiu
grande parte de nossas coleções.
Informações: museu@mn.ufrj.br
Direção: falecomdiretor@mn.ufrj.br
Assessoria de Imprensa: imprensa@mn.ufrj.br
Visitas em Grupo: agendamento.nap@mn.ufrj.br